Fatos importantes sobre a Baía de Guanabara
Bill Dennison ·"Environmental Literacy for Guanabara Bay, Brazil"
(Portuguese translation by João Paulo Coimbra)
Série ‘Aprendizado Ambiental' (Environmental Literacy Series)
- A Baía de Guanabaraé uma formação costeira tropical (22°S) com uma abertura restrita e que forma um porto natural no sudeste do Brasil com clima de monções.
- A bacia hidrográfica no entorno da Baía de Guanabara é um local internacionalmente icônico, incluindo as áreas metropolitanas tais como o Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo, praias como Copacabana e Ipanema, e atrações como o Pão de Açúcar e o Corcovado.
- A bacia da Baía de Guanabara suporta 8,6 milhões de pessoas vivendo em 16 municípios, com intenso desenvolvimento urbano e industrial e com amplo escoamento de esgotos não coletados ou não tratados contribuindo para a contaminação bacteriana, eutrofização e lixo.
- A Baía de Guanabara é rasa e lamacenta, exceto pelo canal central que possui sedimentos arenosos, possui várias ilhas e abriga manguezais remanescentes, pesca artesanal, e uma espécie ameaçada de golfinho.
- Fortes gradientes de qualidade das águas são observados na Baía de Guanabara, com áreas severamente degradadas no noroeste e áreas relativamente saudáveis onde as trocas de água com o oceano são favorecidas.
- Há uma forte base científica de pesquisas e monitoramento na Baía de Guanabara, uma preocupação pública expressiva a respeito do estado ecológico, porém, uma frustração generalizada sobre a falta de progresso na recuperação da Baía de Guanabara.
- O Rio de Janeiro foi o local de uma reunião significativa da cúpula das Nações Unidas (1992), cidade anfitriã da final da Copa do Mundo (2014) e sediará os Jogos Olímpicos de Verão (2016), eventos onde as questões ambientais e sociais são colocadas em evidência no cenário mundial.
1. A Baía de Guanabara é uma formação costeira tropical (22oS) com uma abertura restrita e que forma um porto natural no sudeste do Brasil com clima de monções.
Primeiramente acreditou-se que a Baía de Guanabara era um rio e o nome Rio de Janeiro foi o seu nome original, baseado na descoberta pelo explorador português Gaspar de Lemos no dia 1 de janeiro de 1502. Rio de Janeiro é agora o nome da cidade e do estado adjacente à Baía. A Baía de Guanabara forma um maravilhoso e amplo porto natural com entrada restrita. A abertura da Baía é relativamente profunda (20-30 m) e descarrega águas oceânicas no resto da Baía com amplitude de maré de 0.7 m, renovando 50% da água a cada 11 dias. O clima tropical inclui prevalescentes ventos alísios do sudeste. Essas brisas costeiras moderam as temperaturas quentes do verão. A estação chuvosa é o verão (janeiro-abril) e o resto do ano é tipicamente seco. O litoral encarando o sul é frequentemente afetado por grandes frentes provenientes do oceano sul, levando a mudanças climáticas rápidas e fortes temporais com ondas. A Corrente do Brasil é uma corrente oceânica quente do Oceano Atlântico Sul que se movimenta paralelamente à costa leste da América do Sul e é tipicamente uma corrente que domina a margem oceânica ocidental como a Corrente do Golfo no Atlântico Norte e a Kuroshio no Pacífico Norte, porém, a Corrente do Brasil é mais fraca e move-se mais lentamente.
2. A bacia hidrográfica no entorno da Baía de Guanabara é um local internacionalmente icônico, incluindo as áreas metropolitanas tais como o Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo, praias como Copacabana e Ipanema, e atrações como o Pão de Açúcar e o Corcovado.
A bacia hidrográfica da Baía de Guanabara é bastante plana, estendendo-se mais para as bordas para uma cadeia de montanhas costeiras. O Rio de Janeiro foi a primeira capital do Brasil e ainda é um dos motores econômicos do país. O Porto do Rio fica no centro do Rio de Janeiro e movimenta o transporte de vários produtos e também suporta o turismo. Além das atrações icônicas da cidade do Rio de Janeiro, a bacia hidrográfica também abriga um preservado manguezal e a região oferece diversas opções de trilhas e passeios nos quais as pessoas podem se conectar com o meio ambiente.
3. A bacia da Baía de Guanabara suporta 8,6 milhões de pessoas vivendo em 16 municípios, com intenso desenvolvimento urbano e industrial e com amplo escoamento de esgotos não coletados ou não tratados contribuindo para a contaminação bacteriana, eutrofização e lixo.
O Rio de Janeiro é a segunda maior cidade do Brasil (depois de São Paulo) com uma população em expansão. A parte oeste da Baía, onde se localiza a cidade do Rio de Janeiro, é caracterizada por áreas mais urbanizadas enquanto a porção leste ainda retém áreas mais preservadas e não tão fragmentadas. Porém, a parte leste da Baía também possui duas grandes cidades, Niterói e São Gonçalo. Uma das regiões com maior taxa de crescimento também se encontra no lado leste, no entorno do município de Itaboraí, onde está sendo construído o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), uma área industrial com refinarias.
Desenvolvimento urbano e expansão de favelas e residências irregulares acontecem em ampla escala sem o desenvolvimento adequado de redes de esgotamento em toda a bacia hidrográfica, e as chuvas de verão, portanto, colaboram no envio de esgoto não tratado para a Baía de Guanabara, levando à contaminação bacteriana, eutrofização e poluição por lixo.
4. A Baía de Guanabara é rasa e lamacenta, exceto pelo canal central que possui sedimentos arenosos, possui várias ilhas e abriga manguezais remanescentes, pesca artesanal, e uma espécie ameaçada de golfinho.
A batimetria da Baía de Guanabara é impulsionada pelo profundo canal central conectando a Baía ao Oceano Atlântico e à sedimentação em águas rasas associada com a miríade de córregos e rios, que drenam para a Baía de Guanabara. Extensos manguezais alinhados a linha costeira da Baía de Guanabara; com um grande manguezal remanescente que aparentemente mantém o seu ritmo em relação ao aumento relativo do nível do mar. Apesar do declínio da pesca na Baía devido à degradação, a atividade ainda é uma fonte de renda para algumas famílias e a pesca recreativa é também praticada por inúmeras pessoas. Dos muitos cetáceos que costumavam frequentar e habitar a Baía, apenas o golfinho Guiana ainda é encontrado em torno da área de mangue protegida.
5. Fortes gradientes de qualidade das águas são observados na Baía de Guanabara, com áreas severamente degradadas no noroeste e áreas relativamente saudáveis onde as trocas de água com o oceano são favorecidas.
Gradientes de qualidade da água na Baía são afetados por (1) mudanças sazonais entre estações chuvosas e secas; (2) os lançamentos de contaminantes que são influenciados pela distribuição populacional e implementação de tratamento de esgotos; e (3) a circulação das águas marinhas. As partes norte e noroeste da Baía possuem a pior qualidade da água, pois são as regiões que recebem a maior carga de águas residuais e que sofrem com a baixa renovação hídrica. O canal central e a parte leste da Baía possuem uma significante melhor qualidade da água por causa da diluição com as águas marinhas.
6. Há uma forte base científica de pesquisas e monitoramento na Baía de Guanabara, uma preocupação pública expressiva a respeito do estado ecológico, porém, uma frustração generalizada sobre a falta de progresso na recuperação da Baía de Guanabara.
Existe um significante número de universidades federais, estaduais e particulares no entorno da Baía de Guanabara, assim como também várias agências governamentais, que conduzem pesquisas e monitoramento. Muitos pesquisadores em uma gama de áreas científicas, estudam a Baía de Guanabara. O Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEA) realiza o monitoramento da qualidade das águas da Baía e dos diversos rios em sua bacia hidrográfica. Em 2011, um “Pacto pelo Saneamento” foi promulgado pelo governo do Estado do Rio de Janeiro objetivando a universalização do saneamento público na região. Mesmo que algum esforço esteja acontencendo, as metas do pacto não estão sendo atingidas em tempo hábil e, portanto, a má qualidade das águas da Baía e seus afluentes ainda é um grande problema.
7. O Rio de Janeiro foi o local de uma reunião significativa da Cúpula das Nações Unidas (1992), cidade anfitriã da final da Copa do Mundo (2014) e sediará os Jogos Olímpicos de Verão (2016), eventos onde as questões ambientais e sociais são colocadas em evidência no cenário mundial.
A Cúpula da Terra patrocinada pelas Nações Unidas em 1992 foi uma notável conferência sobre o Desenvolvimento Sustentável e foi realizada no Rio de Janeiro. O evento contou com representantes de vários países e uma conquista importante da reunião foi a Convenção sobre Mudança Climática, que levou ao Protocolo de Kyoto e ao Acordo de Paris. Alguns documentos produzidos na ECO-92 foram a Agenda 21, a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, e os Princípios das Florestas. Outro evento realizado no Rio de Janeiro foi a Copa do Mundo de 2014. Este evento foi altamente esperado e o Estádio do Maracanã foi reforçado e remodelado antes da Copa. Pessoas viajaram de todo o mundo para visitar o Rio durante a Copa.
O próximo evento importante que ocorre na cidade do Rio de Janeiro são as Olimpíadas de 2016, que está promovendo a consciência social sobre as águas poluídas da Baía de Guanabara. A limpeza da Baía de Guanabara foi um dos compromissos assumidos durante a escolha do Rio como sede para o evento esportivo, no entanto, o progresso não ocorreu nos passos esperados (AP, Junho 6, 2016).
Referências:
- Bidone E.D. and Lacerda L.D. 2003. The use of DPSIR framework to evaluate sustainability in coastal areas. Case Study: Guanabara Bay basin, Rio de Janeiro, Brazil.Regional Environmental Change 4: 5-16.
- Fistarol et al. 2015. Environmental and sanitary conditions of Guanabara Bay, Rio de Janeiro. Frontiers in Microbiology 6:1232
- Ferreira de Moraes, Luzia Alice. Remnant Vegetation Analysis of Guanabara Bay Basin, Rio de Janeiro, Brazil, Using Geographical Information System. intechopen.com [pdf]
- Soares-Comes et al. 2016. An environmental overview of Guanabara Bay, Rio de Janeiro. Regional Studies in Marine Science. Available online 4 February 2016
- Barchfield, Jenny. When Rio fails, sister city shows sewage cleanup possible. Associated Press. Online. June 6, 2016. http://bigstory.ap.org/article/d3943de029894db390f7acea156918c7/when-rio-fails-sister-city-shows-sewage-cleanup-possible
About the author
Bill Dennison
Dr. Bill Dennison is a Professor of Marine Science and Interim President at the University of Maryland Center for Environmental Science (UMCES).
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Comments
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Roni 7 years ago
Good story about my city. Beautiful river ... Congratulations! But there are many things beyond that. I worked on decontamination projects in Bahia and I could see the real situation. In addition to other serious issues, such as urban violence, but Rio de Janeiro is still beautiful.
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rafael 8 years ago
Que maravilha, lindo o Rio.
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joao 7 years ago
Sou carioca e só posso dizer uma coisa:
É a coisa mais linda que existe no estado do Rio de Janeiro.